quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Steve Nash e Kobe Bryant sobre o final das suas carreiras

Nash, com 40 anos, já anunciou que este é o seu último ano na NBA. Bryant tem 36 anos (já aqui falei aqui do trabalho que tem feito para voltar a jogar depois das lesões que teve e quando sente que o seu corpo não responde da mesma maneira) e mais dois de contrato com os Lakers, mas ainda não tomou uma decisão sobre se vai ou não terminar a sua carreira depois disso.


Com lesões de parte a parte, Nash e Bryant não jogaram um único jogo juntos o ano passado. Sendo que os dois (mais o Pau Gasol) eram as principais figuras da equipa, não é de estranhar que os Lakers tenham feito a segunda pior época de sempre: 27 vitórias e 55 derrotas. A juntar a isso, tiveram a derrota mais pesada na sua história, 142-94, contra os rivais de Los Angeles, Clippers.
 
Ambos fizeram uma preparação dura na offseason, e estão saudáveis. Mas como diz Kevin Ding neste artigo para o Bleacher Report, vão ter de começar um regime de treino diferente e aprender a não dar tudo o que têm em cada sessão. No primeiro treino da pré-época, tanto Bryant como Nash assitiram ao final da bancada; ordens específicas do preparador físico para que tratem o seu corpo de maneira mais respeitosa, por assim dizer.
 
"In the past, I've always pushed myself to the limit. That's every day. Now I've just got to be a little bit more patient and make sure when you step off the court you still have something there" - Kobe Bryant

"I've always kind of overdone it or tried to do too much on a day-to-day basis. For me, it has been a real challenge this summer to stop while I feel good and come back again later in the day if I have to. Not overdo it and leave myself exposed or exploit the good health I do have. That's going to be a different perspective for me. I've got to pick my spots and give myself the best chance to sustain it." - Steve Nash
 
Tanto um como o outro faziam hábito de treinar mais do que lhes era pedido, mais do que os colegas de equipa, mais do que os adversários. Kevin Ding diz, no mesmo artigo, "on Tuesday, Bryant, in flip-flops, and Nash, sitting next to him, watched their teammates suffer through the practice-ending suicide sprints without them. It's wrong, frankly. But given the choice between wrong and nothing, they'll take wrong."
 
 
 
Aquilo que se passa é que eles sempre procuraram uma maneira de ganhar, e de entrar para a história. Essa maneira era fazer sempre mais para fazer sempre melhor do que os outros. Mas no final da sua carreira, com o corpo a ter mais dificuldade em recuperar, com muitas lesões recalcadas e o fantasma de uma nova sempre por aí, chegar às vitórias implica um esforço diferente. Implica ir para o banho mais cedo, ficar a ver os colegas treinar, estar em campo a ensiná-los e resistir à vontade de entrar e fazerem eles próprios as coisas, esperar que a experiência acumulada e o conhecimento do jogo consigam fazer aquilo que já não conseguem fazer através da frescura física.
 
"As you get older, you've got to accept some things you can and can't do. There's strength in that vulnerability, I think." - Kobe Bryant
 
Este é, talvez, o momento mais triste da carreira de cada jogador. Alguns desistem muito antes de chegarem a este ponto, outros lidam mais naturalmente com essa eventualidade e começam a sua transição para fora dos campos (para serem treinadores ou não) mais cedo. Mas muitos nunca conseguirão ultrapassar o facto de o corpo não os deixar fazer aquilo de que mais gostam, mesmo que o aceitem como fatalidade. É sempre assim no desporto.
 
 
 

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